A Universidade de Cambridge é uma das mais conceituadas universidades do mundo, mas desde há alguns anos se tem vindo a debater com um problema nos cursos de informática. A cada ano que passa os candidatos a estes cursos parecem vir cada vez pior preparados! O que significa que tem de ser investido mais tempo a ensinar a estes alunos conceitos que já deveriam ter adquirido. Sobra portanto menos tempo para aprender tópicos mais avançados, que fazem a diferença quando as empresas de informática pretendem contratar novos colaboradores. É claro que isto acaba por ter um efeito direto muito mais importante em nós os utilizadores finais: os jogos perdem qualidade, porque não há bons programadores para os fazer!
A Universidade procurou descobrir a razão desta tendência e chegou à conclusão de que se deve ao facto de as crianças terem menos necessidade de "experimentar" os computadores. Quando Bill Gates e Steve Jobs iniciaram as suas fortunas, os computadores eram apenas para "entusiastas" da eletrónica. Os computadores eram vendidos em kits (ou era preciso comprar as peças) e montá-los e programá-los manualmente para funcionarem. Atualmente os computadores são comprados já prontos para ser usados, com uma interface colorida, simples, bonita e cara, que desincentiva os utilizadores a desmontar a máquina e a experimentar.
Iniciou-se assim um projeto para trazer de volta os "bons velhos tempos" em que os utilizadores eram incentivados a experimentar com as suas máquinas. Nasceu o projeto
Raspberry Pi.
Raspberry Pi Modelo A
Um Raspberry Pi é um dispositivo do tamanho de um cartão de crédito, capaz de realizar as mesmas tarefas de um computador de secretária de entrada de gama, mas produzido de forma a ser de baixo custo.
O modelo A (mais limitado) tem 128 MB de RAM, uma porta USB. O modelo B tem 256 MB de RAM, duas portas USB e uma porta ethernet. Ambos os modelos têm uma porta
HDMI e saída vídeo
RCA e audio stereo. No lugar de disco rígido possuiu uma ligação a um cartão SD interno. O processador é um ARM 11 a 700 MHz incluído num SoC (
System on Chip - todo o sistema está incluído num único chip) que contém também um processador gráfico
Videocore 4, capaz de descodificar vídeo em alta resolução.
Todos os componentes foram escolhidos de forma a serem baratos, mas capazes de desempenho aproximadamente equivalente a um PC de secretária e capazes de correr com uma fonte limitada de energia. A alimentação elétrica é fornecida através de uma ligação micro-USB padrão com 5 V, pelo que pode ser alimentada por 4 pilhas AA.
O Raspberry não inclui na embalagem disco, teclado, rato nem monitor. O disco é substituído por um cartão SD que pode ser facilmente trocado (evitando portanto que o sistema fique "bricado", pois se encravar basta substituir o cartão SD). O monitor é o componente mais caro de um PC, por isso o Raspberry possui uma saída HDMI que lhe permite ser ligado a uma televisão ou monitor recentes e uma saída RCA para ligar a televisões mais antigas.
O dispositivo é compatível com uma série de distribuições linux, existindo na internet muitos recursos, tanto oficiais como de entusiastas, sobre como colocar uma determinada distribuição (versão) de linux no Raspberry Pi. Agora perguntam-se "
Linux?! Então e Windows?". O objetivo do Raspberry é que os utilizadores experimentem e compreendam o funcionamento do sistema, o que não é possível usando um sistema fechado, como o Windows.
Há utilizadores que transformram o Raspberry em PCs de secretária, servidores, estações multimédia para a sala, colocaram-nos em balões e aviões telecomandados, usaram-nos como partes de um sistema de domótica, etc. O limite é a imaginação :)